20 de mai. de 2011

Puer Senex

Um homem velho olha o horizonte, vê o sol se por, mais um dos vários que já viu, mas para ele esse parece ser diferente, é especial. Seus olhos cansados, demonstram sua idade ele percebe que seu auge já passou, percebe que está velho para esse mundo. Isso não o entristece, não enaltece a cor laranja ao fundo, esta não parece um cortejo fúnebre nem um festival jovial. Tudo o que viu, tudo o que viveu está guardado em sua alma, sim sua alma essa é completamente diferente de seu corpo, ela hoje tem o tamanho e a vitalidade de um herói mítico, porém seu corpo não demonstra essa força.

Ele olha ao lado e vê seu neto brincando, observa seu olhar curioso diante de tudo, tanta energia, tanto a aprender, tudo é curioso e novo para aquele menino de cabelos negros que corre desengonçado pelo terreno irregular daquele campo verdejante. O pequeno menino olha uma borboleta com suas lindas asas azuis que voa em direção do sol que se põe, o sol o deixa cego, mal consegue ver a criatura.

O menino vem em direção ao velho correndo desengonçado, tanta energia, tanta alegria. O velho então percebe que o mundo não acaba com ele, ele vê no menino uma continuação de sua alma, lembra-se de como já foi jovem, curioso. Ele anda em direção ao menino a passos lentos e o toma nos braços, sente aqueles braços que mal conseguem dar a volta no seu corpo. O menino sente aqueles braços velhos, porém com uma dureza e força que a idade lhe deu e ele se sente segura naquele lugar.

Uma lágrima cai do rosto do velho, o menino apenas sorri ali eles percebem que são um só, nem velho, nem novo, são uma nova criatura. O sol lança ao fundo seus últimos raios. O grande deus se despede da terra e anuncia que amanhã será um novo dia. O velho e o menino olham para o horizonte e suas imagens vão sumindo junto com os raios de sol e quando anoitece surge uma linda mulher com vestes brancas e um sorriso acolhedor que abre os braços e saúda o mundo que despertou para ela.

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